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Não obrigue a criança a pedir desculpas

É mais eficiente ensinar sobre empatia e agir com intenção. Vem comigo que explico.

Por Taís Alice





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Tenho certeza que você já viu uma criança passar pela outra, derrubar algum brinquedo ou estragar alguma atividade e pedir desculpas por cima do ombro enquanto corre para continuar a sua brincadeira. Eu já vi! Isso acontece porque as crianças estão sendo ensinadas e obrigadas a pedir desculpas muito antes de serem realmente capazes de entender a real intenção disso.


Já presenciei também adultos obrigando as crianças a se desculparem com outras. Eu mesma já induzi meus pequenos alunos a se desculparem com os outros. E o resultado é que a criança pede, sim, desculpas, mas não aprende nada com isso. Apenas que deve obedecer ou o pior: entende que os pedidos de desculpas devem ser ditos por obrigação.


Uma criança desenvolve a capacidade de entender que outras pessoas têm pensamentos e sentimentos diferentes dos seus por volta dos 4 ou 5 anos de idade. Antes disso, o cérebro delas é egocêntrico, ou seja, o mundo gira ao seu redor. Durante os primeiros anos da infância, as crianças precisam ser ensinadas a responder em situações sociais, porque ainda não entendem que outras pessoas podem sentir-se de maneira diferente do que elas.


Quando você ensina seu filho a pedir desculpas como uma resposta geral ou uma obrigação, está ensinando que todas as suas ações têm igual impacto. Dizer "desculpe" implica que a criança se arrepende do que fez, o que na maioria das vezes não é o caso (e isso é completamente normal no desenvolvimento típico). Ao fazer as crianças apenas a se desculparem, sem nem entender o motivo, também estamos ensinando a elas que não precisam fazer mais nada para consertar o que fizeram.


Mas, se não devemos obrigar as crianças a pedirem desculpas, o que fazer?


  1. Ensine-a a procurar pistas emocionais nos outros. Se a criança bate em outra, por exemplo, interrompa o comportamento e mostre para ela o impacto de suas ações. "Veja, o seu colega está chorando. Como acha que ele está sentindo? Parece que você o machucou. O que houve entre vocês? O que você pode fazer para consertar isso?". Esse é o começo para que ela entenda que os outros também têm sentimentos.

  2. Ensine-a a perguntar. Incentive a criança a perguntar a outra como ela está se sentindo. "Você está bem?", reconhecendo que a feriu e buscando formas de reparar. Se o seu filho já tem repertório verbal, pode buscar soluções junto com o colega. "Como posso ajudar?", "Como posso fazer para melhorar?".

  3. Ensine-a a agir para ajudar. De acordo com a situação, a criança pode ajudar a consertar o que estragou, por exemplo. Se seu filho sair dessa situação negativa sentindo-se capaz de ser útil, de ser bom amigo, ficará mais motivado a fazer a coisa certa da próxima vez.

  4. Seja exemplo. Mesmo que você não exija que seu filho se desculpe, modele o pedido de desculpas quando for apropriado. Esta é uma habilidade social importante e a criança saberá o real valor disso quando tiver idade o suficiente para saber o que significa sentir verdadeira empatia.


Entenda que o mau comportamento não deve ser minimizado. Porém, a situação deve ser compreendida para que a correção e a reparação sejam efetivas. Pedir desculpas por obrigação não leva a criança a entender o que fez de errado. Portanto, o melhor é conversar, é tentar fazer com que a criança entenda o que fez, ajuda-la a buscar soluções e, principalmente, dar o exemplo.

Faz sentido para você? Como você atua por aí?

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