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Crianças vão escutar quando sentirem que foram ouvidas

Como você se sente quando precisar falar sobre algum problema ou algo que aconteceu no seu dia e alguém escuta com presença? As crianças são como nós.


Por Taís Alice





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Provavelmente, quando você é ouvido sem sermões, sem interrupções, sem julgamentos, você tem uma sensação de acolhimento, de importância, de aceitação. Percebe todo o poder da empatia e, provavelmente, consegue ter mais clareza em suas ideias. As crianças sentem-se da mesma forma quando são ouvidas e ficam mais dispostas a ouvir o que você tem a dizer.


Costumamos reclamar que elas não nos ouvem, que precisamos repetir mil vezes a mesma coisa, em casa e também na escola, e nos frustramos porque falamos, falamos e não obtemos o resultado esperado. É desgastante, cansativo. Mas, provavelmente, isso acontece porque estamos sempre falando, sem dar a elas a chance de falar. Não olhamos para o nosso próprio comportamento. Todos precisam ser ouvidos.


Sentimos que a criança tem por obrigação nos escutar, mas não nos colocamos na obrigação de escutá-las porque nos pautamos pelo padrão no qual fomos criados, de acharmos que os adultos são superiores a elas, mais poderosos, que o que temos a dizer é mais importante.


E pode mesmo ser difícil ouvir e dar voz às crianças, se na sua infância você não teve a chance de se posicionar, foi uma criança frequentemente silenciada, sem vez. Pode ser que, ver as crianças tendo esta oportunidade agora, faz com que sua criança interior ferida se revolte, por ter sido silenciada tantas vezes. Então, se acolha, reconheça e acolha também a necessidade de fala dos seus filhos, para que todos sejam ouvidos – você e eles.


As crianças vão escutar depois que sentirem que foram ouvidas. Experimente...

  1. Parar e escutar o que elas têm a dizer, com presença, sem interromper, sem julgar, sem sermões. Você pode fazer perguntas para entender melhor a situação.

  2. Depois que seu filho terminar de falar, pergunte se ele está disposto a ouvir o que você tem a dizer.

  3. Depois de compartilharem os seus pontos de vista, foquem em uma solução que vocês dois concordem.

  4. Para criar o hábito do diálogo, separe momentos na rotina para ouvir a criança, conversar, perguntar sobre o dia dela. Quando perguntamos algo para a criança, de forma respeitosa e intencional, ela se sente muito importante, aceita, amada e pertencente.

  5. Se a criança ainda não fala, dedique-se a observá-la, ao silêncio, a percebê-la.


Adultos conquistam as crianças quando as tratam com dignidade e respeito, e confiam em suas habilidades. Jane Nelsen

Ouvir uma criança é parte de uma relação entre seres humanos. Essa tomada de consciência e responsabilização pelos padrões adotados até aqui trazem a possibilidade de escolher novas formas de agir, mais igualitárias e respeitosas com todos os envolvidos nessa relação. Todos podem se expressar, incluindo você, deixando o lugar da sua criança ferida e assumindo a posição do adulto que você é, hoje, capaz de ouvir e ser ouvido. Faz sentido para você?

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