Castigos não são opções respeitosas
- Taís Alice
- 1 de jun. de 2020
- 3 min de leitura
Se vocês precisam de alternativas porque não sabe como agir diante de uma situação desafiadora, posso ajudá-los a pensar sobre isso. Vem comigo!
Por Taís Alice

Tem uma famosa frase de Jane Nelsen, ícone da Disciplina Positiva, que, para mim, diz muito sobre a ineficácia do castigo: “De onde tiramos a absurda ideia de que, para que as crianças se comportem, primeiro devemos fazê-las se sentir mal?”. Para mim, esse questionamento faz todo sentido, especialmente se resgatamos memórias da nossa infância e relembramos o desamparo, a culpa e a vergonha que sentimos cada vez que, de alguma forma, éramos punidos, em casa e na escola.
Então, se o que desejamos é abandonar o padrão tradicional de parentalidade e educar crianças com base no respeito, preciso falar dos problemas do castigo para que você compreenda porquê punir as crianças não é a solução.
Eu sei que se eu perguntar a muitos pais e mães sobre o castigo e sua aplicação, posso ouvir: “Eu fiquei de castigo na minha infância e não morri”. Mas acredito que vocês não estão criando seus filhos apenas para a sobrevivência. Sei que desejam educar crianças com respeito e consciência, para que sejam felizes e emocionalmente saudáveis exatamente pela infância que tiveram, e não apesar dela.
O fato é que os castigos não funcionam a longo prazo. Podem interromper o mau comportamento de imediato, mas quando você pune, está olhando apenas para o comportamento, quando, na verdade, o que você precisa é pensar nas necessidades que estão por trás do comportamento da criança. Com o tempo, os castigos perdem a eficácia. E aí, corre o risco de você intensifica-los para tentar resolver o mau comportamento, ao invés de dialogar, procurar entender a criança, seus sentimentos e buscar soluções saudáveis ao lado dela.
Além disso, você pode também ser mal interpretado pelo seu filho. Isso porque, como disse o psiquiatra austríaco Rudolf Dreikurs, “as crianças são boas observadoras, mas péssimas intérpretes”. Ou seja, quando você castiga pode passar a mensagem para seu filho de que ele só é amado por você quando faz o que você deseja. Percebe?
Então, se você escolhe educar com respeito, diante de uma situação desafiadora, sugiro que você tente usar algumas destas sugestões:
Antes de mais nada, faça uma pausa positiva para evitar que a situação saia do controle. Se estiver prestes a explodir, tente sair do ambiente, respirar, tomar uma água. Caso contrário, depois de gritar, bater ou colocar de castigo, virá a culpa. E estamos tentando evitar esses sentimentos.
Busque conexão com a criança. Ouça o que ela sente.
Tente entender quais as necessidades não atendidas estão por trás do comportamento desafiador.
Faça perguntas para entendê-la: "O que você pretendia quando fez isso?"; "Por que você agiu dessa forma?". Muitas vezes, as crianças fazem coisas que não entedemos. O diálogo é sempre a melhor saída.
Dê escolhas apropriadas e seguras para a criança diante de uma situação inaceitável. Quando pode escolher, a criança sente-se no controle das decisões e aprende sobre limites. Por exemplo: "Filho, eu sei que você está com raiva, mas bater no colega quando está com raiva não é uma opção. Quando isso acontecer, você pode se afastar até a raiva passar ou chamar um adulto para ajudar você".
Se o problema é ajudar nas tarefas de casa, passe a envolver a criança nas decisões e convide-a a participar da organização da rotina.
Busque maneiras lúdicas para que a criança possa falar sobre seus erros e sentimentos, como contar uma história, fazendo um desenho. Assim, ela poderá entender como fazer melhores escolhas da próxima vez.
Mostre a ela que erros são oportunidades de aprendizado e, ao invés de castigar, dê a chance para a criança reparar o seu erro, abra espaço para o diálogo, incentive a busca de soluções.
Dessas formas, você olha para seu filho e para a necessidade dele, e não apenas para o mau comportamento. Cuide para sempre haja o respeito e empatia na sua relação com as crianças. É um exercício diário. E, quando não conseguir, tudo bem. Recomece.
Vamos tentar? Faz sentido para você? Me conta se você já segue algumas dessas ferramentas.
Comentários